quarta-feira, 11 de maio de 2011

sobre os gatos e o egito




egipits cat - imagem da net




     Então você dará as costas para mim.



     Então você dará as costas para mim
     E é como um passo numa dança nobre
     Esse lindo cabelo espetado? Nas pontas
     Sobre uma prima listra da sua camiseta
     Estampada.

     Ah mas esse caminho é longo
     Deixa-me aqui enquanto balanças
     É um passo escuro que danças
     E se anuncia ao chano de pelo songo
     “olha quem ta aqui!”

     Ah mais isso já ta cruel por demais
     Pode alguém assim virar-te com simples
     Mio ou “au au” enquanto ao ousado talais
     Nas costas esguias enquanto deles
     Tens até carinho?

     Desprezo lembra-me passeio de bicicleta na infância.

     Era assim andando com a namoradinha
     Por ruas nunca dantes pedaladas
     Chegando ao dom Bosco
     Numa exposição do Egito.

     Talvez ele possa nos casar?
     E talvez Egito seja um destino ideal?

     Mas acontece que essas costas já estão por demais
     Viradas.
     E eu já estou aqui alado, como um vira-latas,
     Em minhas pulgas.

     Não me incomoda sua companhia
     É somente conseqüência da sua beleza
     Ele não sabe olhar para as suas costas
     Enquanto caminha na destra
     Ou sinistra?

     Sinistros já tão essas pulgas
     Viradas pro Egito
     Rezando ao dom Bosco
     Andando de bike em infância primeva
     Sonhando com gata travesti
     Enquanto você não se vira.

     Ah mas isso já está por demais cruel
     S`eu pensar que sonhas numa lua-de-miel
     Sem saber ainda da simples coceira
     Que causa sua dança
     De charme
     Felicitando o gato
     Como s`eu fosse a pulga
     Que inda por cima abate teus sonhos de frente
     Numa fumaça de cigarrinho.

     Isso já ta por demais
     Nas pontas do seu cabelo
     Ou em Quéops.

     Quero ver, em Gizé, moça malandra que lhe vire as costas!

     Arquiteta ou matemática
     E é como um passo numa dança nobre.

     Então você dará as costas para mim.

 
 
 
@ British Museum





     ORAÇAO DOMENICAL

     - Pai
     O senhor pijama azul dirige-se ao quarto, em passos firmes.
     - O que você acha?
     - Que não é nada tão sério.
     - Podemos não avisar a mãe.
     Ele sorri dizendo sim com o movimento da cabeça.

     Pinos altos sob o sol
     Fazem-me pensar
     Em como um grão
     É parte de um riso.

     A semente cresce, o demente também ri.

     È disso que se trata estar no céu?

     Por isso tantos nomes em tantas línguas em tantos palacetes
     Como ruínas?

     Ele corre pelo campo esverdeado
     O gramado íngreme
     Enquanto grita:

     - venha a nós alguma espiritualidade
     Do teu reino e limpe uma amoral
     Promiscuidade não consentida.

     E seja feita a vossa vontade
     Em cada parte desse piso.

     - Pai
     - Diz
     - Será que teremos mais telefones,
     Que riso, um abraço aqui...

     Espero que você saiba
     Um dia desses num domingo
     Entender o porquê existe pessoas no chão
     Da fábrica
     E pessoas no comando. E saiba nos olhos
     Destas pessoas como distinguir a injustiça
     Da escola;
     Da vida;
     Da diferença inerente a mesma
     E ai, que você tenha a parte do teu merecido
     Trigo.

     - Os meus erros são muitos.
     - É por isso que está aqui?
     - Sim.

     Não deixai-me ouvir aos maus.

     - Quando o fizeres, tenhas paciência,
     Irá entender...
     - No futuro?
     - As lidas da vida não vêem com o gabarito

     Pai,
     Teremos mais telefones que abraços?

     Então eu corro
     É realmente um campo verde de grama
     E a bicicleta azul está deitada sobre
     Mais ou menos o lugar em que vos imagino
     Enterrados.

     Ela veste uma saia leve, longa até os joelhos.

     -Então, será assim?
     - Será como você quiser,
     Lutar para, meu filho.

     É o casal mais bonito que já vi.

     Qualquer gerente passando com o carro o diria.

     - É possível vê-los a dez quilômetros de distancia.

     (Estamos próximos)

     - Passa-me o vinho, meu amor.
     - Devolve-me o trigo, minha dor.

     E acontece o silencio. É a estampa mais
     Amarga e doce que já vi
     Sobre um joelho.

     - Não vou querer nenhum diplomata da igreja para nos dizer o que
     É a felicidade.

     - E o quê é, amável gafanhoto.

     - Não sei! Mas sei que ela é o dia a dia. É acordar ao teu lado,
     Saber que no lodo ou na glória,
     É ali que deveríamos estar.

     - Assim vai terminar?

     - Não antes do teu desenho.

     Um sorriso amargo e doce por duas horas no mínimo
     Um vinho
     O pão
     As suas pernas
     E a natureza morta.

     - Pai?
     - Agora não posso.
     - Tudo bem, o escrevo:

     Acho que descobri.

     Pois agarre e não largue.
     Já que o céu é vasto como um
     Verme de assas comendo
     O capim
     No domingo.

     Os meios vêm.
     A tua distância é como um campo
     Sem fim.

22 de maio
Acantiza.




 imagem da web: um dos bons!

@ some great photographer
 


24 maio

Gorila Café
INT. Noite.

     A TENSÃO DO TÍTULO PARA O TEU NOME.

     - eu sinto falta do meu corpo
     - de tal modo que a comida te escapa ao gosto
     - s´eu falar, já não seria mais de mim falta.

     Ela pega a bolsa, retira um maço e uma sombra.
     É a anfitriã.

     - onde aprendera desfilar tais modos?
     - no mesmo armário onde guardamos as roupas.

     As pessoas vestem sorrisos bonitos em noites de leitura.
     Declamação bem feita dá vontade de fumar,
     No banheiro do segundo piso.

     - como se sente?
     - abandonado.
     - um poema deveria ser quantificado em força
     Pelo tempo que nos deixa abandonados.

     É ela quem vai ler.
     Tanto faria quem o fosse.
     Quem ouve presta mais às luzes que
     Às vozes.

     Assim o Leonardo, pode servir as mesas
     Com a mesma tranqüilidade que lê,
     Com a absoluta certeza que ninguém o ouve.

     - não és tu, Leonardo?
     -não.

     Sem pormenores,
     Tu escreves aquilo que é.
     Aquele quem ouve, já não é mais tu.

     -você me emprestaria o isqueiro?
     - você não é daqui, é?

     Sempre nessa parte da festa, penso que não há resposta a ser dada.

     - cantaste uma pedra em lá maior!
     (lá maior, repetia a entusiasmada platéia)

     - é do porque o título é somente uma base.

     Realmente as pessoas se vestem bem para cantar.

     - moro aqui do lado e é tão fácil como uma partitura.

     À noite, na Normandia ou no Gorila,
     A luz que o dia esconde
     É um espanto!

     - a palavra, toda ela tem massa.
     - você já encontrou o seu peso?
     - refere-se ao meu corpo?

     Ela acena que sim.

     - é um peso que causa a tensão do título para o teu nome.

     Já são bem menos pessoas agora.

     - então, deixe-me ler algo que escrevi.

     -




 @ flyer divulgação do GORILA CAFÉ


ACANTIZA.. SARAU AGE
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